Nesse carnaval assisti ao filme "The Monuments Men" com a direção de George Clooney e por ele estrelado. O filme é baseado no livro " The Monuments Men: Allied Heroes, Nazi Thieves and the Greatest Treasure Hunt in History" de Robert M. Edsel.
Toda a ação do filme está baseada em fatos reais, mas fiquei um pouco incomodada com o jeito meio Indiana Jones do filme. Lembra do Indiana Jones tentando salvar a arca da aliança do exército alemão ? Bem, tem um certo quê dessa aventura.
O interessante , no entanto, na história é a questão do roubo de arte na Europa durante a II Guerra Mundial. No filme um grupo de especialistas em artes tenta salvar o patrimônio artistíco - cultural da Europa da destruição , mas acaba descobrindo o plano sistemático de Hitler para se apoderar desse patrimônio que , na verdade, pertence à toda a Humanidade. Bem, ele não foi o primeiro a querer tomar para si a grande arte. Napoleão roubou os cavalos de bronze do Palácio dos Doges em Veneza, por exemplo.
Na II Guerra Mundial os nazistas roubaram sistematicamente obras de arte dos países anexados e dos judeus. Muitos judeus possuíam grandes coleções de artes que foram obrigados a vender devido à perseguição alemã. O banqueiro Rotschild, por exemplo, teve mais de 5000 obras confiscadas. Fala-se que a política de roubo de obras primas de Hitler foi a mais eficiente desde os tempos de Roma.
O grupo de especialistas do filme encontra em minas de sal na Alemanha grandes quantidades de obras de arte que foram mais tarde devidamente entregues a seus donos. A Alemanha, que é exemplar no meu ponto de vista, na forma como lida com seu passado tem vários órgãos que cuidam do assunto e até um banco de dados chamado lostart.de especialmente para tratar do caso. Existe até um conceito jurídico para esse tipo de crime. O nome é Raubkunst , o que diferencia esse tipo de roubo de um mero butim de guerra.
Fiquei muito impressionado no filme com a informação de que o castelo de Neuschwanstein na Baviera havia sido o esconderijo de grande quantidade de obras de arte "recolhidas" pelo nazistas. Eu já estive várias vezes nesse castelo, mundialmente conhecido por ter sido a inspiração de Disney para o castelo da Cinderela e nunca soube dessa história do roubo de arte. Fiquei sabendo, mais tarde, também que muito dos objetos de arte que lá estavam também eram procedentes de museus de Munique para serem protegidos de uma invasão dos russos que ao entrar na Alemanha também roubaram peças de arte com o argumento de que seriam " indenizações de guerra ". Muitas dessas obras estão hoje no museu Hermitage.
Quase setenta anos depois do final da guerra esse assunto ainda não está resolvido. Em 2013 a revista alemã Focus relatou que no apartamento de Cornelius Gurlitt , filho de um marchand influente, que estava sendo investigado por questões fiscais foram encontradas 1400 obras de arte confiscadas de judeus durante a guerra. A polêmica ainda segue na Alemanha com muitos processos e advogados envolvidos.
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